quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Correspondente no Confraria

Quem disse que ter correspondente é privilégio de grandes veículos com grande público e um belo patrocínio. Necas de pitibiribas!! Em uma nova empreitada para que o som de nosso gritos chegue à todo o Brasil, o Confraria do Grito reuniu todos os recursos de que dispunha (incluindo as economias guardadas no jurubeba, o porquinho que a Dédala guardava desde que era a dedinha linda da mamãe) e mandou correspondente para o Rio Grande do Sul. É isso mesmo! A partir de hoje, o meu querido amigo Jean Pierre Lêcaguê estará nos enviando crônicas quentinha daquela linda terra, onde os homens só pensam em churrasco e espeto (sem querer ofender ninguém). Mas agora, sem mais delongas, posto a crônica de estréia do nosso amigo Jean Pierre Lêcaguê.

PS: A Confraria do Grito espera a sua colaboração (grana meu filho) para que em pouco tempo, este cidadão que vos fala, esteja aportando na Inglaterra. Quem quiser contribuir, favor entrar em contato pelo e-mail: confrariadogrito@gmail.com .

Audrofonso Araújo III


Andanças em Porto Alegre
Quando cheguei na capital gaúcha, a primeira coisa que notei é o povo tem uma certa mistura de educação com indiferença. Eles até respondem uma pergunta ou duas, mas também é só, logo viram a cara e seguem suas vidas. Nos primeiros meses achei tudo diferente, roupas (é incrível como as mulheres aqui adoram usar leggin) as casas, os programas de tv, o jeito rápido do gaúcho falar e principalmente as gírias. Nunca tinha ouvido tantos "bah", "tri", "tchê" e "guri" ao mesmo tempo, nada disso tinha a ver com o meu sotaque, que pra mim não tem nada de cantado, se comparado com o gauchês. Nas conversas era eu rindo do jeito deles falar e eles rindo do meu.

Pensando bem, acho que aí já começou a primeira troca de experiências que um intercambio (mesmo que a nível nacional) pode trazer. Muita gente aqui começou a falar "eita" por minha causa. Eu, comecei a simpatizar um pouco com o "tri". Já pensou quando você acorda atrasado pra faculdade, no caminho pisa no coco do cachorro e quando chega lá descobre que tinha esquecido da prova que era pra hoje... é meu amigo, você não está fodido, você está tri fodido.

E como cada região tem seus costumes, com o Rio Grande do Sul não poderia ser diferente. Aqui todos amam e veneram o "churrasco gaúcho", que a em todo Brasil já se faz direitinho, ou até melhor que muitas churrascarias daqui. Certo dia provei pela primeira vez o quentão, uma bebida diferente de tudo que já tomei. Pegue a cachaça, vinho, cravo, canela e junte tudo isso numa panela. Está feito a bendita. Achei estranho porque era quente, sei lá, nunca tinha visto ninguém botar pitu pra ferver. É bem docinha, desce macio e reanima. O problema é que quando percebi o que já tinha bebido, era tarde demais. Um no mínimo "alegre" (para não dizer bêbado) surgia em Porto Alegre.

Algumas das experiências peculiares que vivi aqui também são relacionadas a comida. Uma foi quando me disseram que eu tinha que comer o Chico balanceado de qualquer jeito. Para os menos puros de coração isso tem um certo duplo sentido e como não sou nenhum santo comecei a pensar em besteira. A outra situação desse tipo foi quando me disseram que eu iria conhecer a Bergamota. Na mesma hora pensei que era uma mulher já que tem tanta gente com nomes esquisitos pelo mundo afora. Richarlyson, Aldrofonso, Adroaldo, perto desses exemplos Bergamota não me causava mais surpresa. Quando vi, era só um outro nome pra laranja cravo.

Mas isso não é nada perto de uma visão que tive no centro da cidade. Passeando tranqüilamente pela rua, entre camelôs e outros seres típicos do centro de qualquer capital nacional, vejo do outro lado da rua uma figura contrastando com o restante do cenário. Um cara de bota, uma calça estranha, camisa azul de botão, um lenço vermelho no pescoço, um bigodão e um chapéu estilo do vovô. Olhei, olhei e fui pra casa, depois perguntei o que era "aquilo" e me disseram que ele era um Galdério, símbolo da tradição gaúcha. Agora, imagina se essa moda pega no Recife também. A gente andando bem tranqüilo pela Conde da boa Vista e de repente passa um caboclo de lança com uma sacola da Renner na mão, passeando pelo centro!

No começo é tudo muito lindo, tudo muito belo, mas depois o que é novidade passa a cair na mesmisse, as coisas começam a entediar e a saudade de casa aumentar. Agora o pensamento é um só: voltar pra casa. Quero comer tapioca, o feijão de mainha, quero recuperar meu sotaque, rever os amigos, praia, tomar água de côco diretamente no côco, ir pra Sé, Recife Antigo, faculdade e o mais impressionante, até do brega sinto falta. Nesse meu tempo no estado, conheci muitas coisas, vi muitas pessoas, lugares, tive a certeza de um amor e amadureci em vários aspectos. Histórias para contar é o que não faltam quando voltar para minha terra. Não vejo a hora de chegar em casa e poder dizer... VOLTEI RECIFE! (e Olinda também)

2 comentários:

Anônimo disse...

Seja bem-vindo, Lêcaguê.
Perfídia.

Anônimo disse...

caraca, eu também estranharia se me oferecesem Bergamota. Adorei o "de repente passa um caboclo de lança com uma sacola da Renner na mão, passeando pelo centro!".

lembrei na hora do Jean Pierre Lêcaguê e de como ele faz falta por aqui.

pensei que na volta desse correspondente poderiamos sim marcar uma tapioca ou quem sabe uma água de coco no coco.
hahahah

carmelita