domingo, 21 de setembro de 2008

Do it yourself direito

Quem curte música aqui no Recife sabe como é complicado encontrar alguma coisa diferente para ouvir, já que a cena local pode ser dividida em três categorias: bandas grandes (Nação Zumbi, Mundo Livre, Devotos – apesar dessa quase não fazer shows por aqui...), médias (Volver, Mombojó, China) e pequenas (invisíveis). As grandes só tocam aqui no carnaval, as médias cumprem seu papel, mas não empolgam tanto, e as pequenas são uma lástima.

Estou escrevendo isso porque li uma bronca do crítico Hugo Montarroyos para as bandas locais, publicada há alguns dias no site RecifeRock! (http://www.reciferock.com.br/). No texto, o autor critica a falta de profissionalismo das bandas pequenas, que preferem sempre reclamar da falta de espaço para tocar do que realmente trabalharem para conseguir algo. Eu, particularmente, detesto concordar com qualquer pessoa, mas nesse caso faço minhas as palavras do senhor Montarroyos.

Realmente, quem tem uma banda e quer fazer alguma coisa de interessante com ela deve, como dizem, dar a cara pra bater – mas não só isso. Nos últimos dois finais de semana vi pequenos festivais de rock independentes, um no Recife Antigo e outro em Paulista. No primeiro, as bandas ainda davam conta do recado; na segunda, a ruindade das composições próprias e dos covers era vergonhosa. Essa mesma turma que faz um som horrível é a que reclama da falta de espaço.

Caros, como é que vocês querem convencer alguém que podem fazer um show se um integrante do grupo falta? Ou tocam com os instrumentos desafinados e fora de ritmo, compasso, tudo? Ou cantam com aquele inglês de criança de quatro anos? Isso porque ninguém estava tocando uma música difícil de Mozart, e sim Ramones, Garotos Poderes e etc. Dessa forma fica difícil. Aqui vai meu grito: não confundam a ideologia punk “do it yourself” com “faça qualquer porcaria”. São coisas bem diferentes, já que a primeira diz para deixarmos a preguiça de lado, exatamente o oposto da segunda. Por isso, show mesmo no Recife, praticamente só tem no carnaval.

Immanuel Rotten

Um comentário:

disse...

E vamos ser sinceros, bom-senso e auto-crítica num fazem mal a ninguém.

Bjo